estudarfora.org - Intercâmbio na Argentina é um dos destinos mais procurados por alunos que querem estudar na América do Sul. O país do tango, do doce de leite e do alfajor abriga algumas das melhores universidades do continente. Entre elas, estão a Universidad de Buenos Aires (UBA), a Nacional de La Plata (UNLP) e a tradicional Universidad Nacional de Córdoba (UNC).
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Dentre as 131 universidades existentes e credenciadas na Argentina, 66 são públicas e gratuitas – 80% dos alunos argentinos estudam de graça nestas instituições. E 13 delas estão entre as melhores do mundo no ranking QS de melhores universidades (QS World University Ranking 2021). Com mais de 400 anos, a Universidad Nacional de Córdoba é a mais antiga do país, e foi fundada em 1613.
A graduação em Medicina é uma das mais procuradas de intercâmbio na Argentina por alunos da América Latina que vão estudar no país. Entre os motivos que alunos para estudar medicina na Argentina estão a ausência de vestibular e cursos financeiramente mais acessíveis (quando comparados com as graduações em medicina no Brasil) ou gratuitos.
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Esses fatores, somados às boas colocações em rankings internacionais, fazem com que a graduação em Medicina seja um ponto forte do ensino superior argentino, junto com outras áreas, como o Direito.
A estudante de Direito Gabriela Marques fez intercâmbio na Argentina na Universidad Nacional de La Plata (UNLP) em 2019 por meio de um convênio que a instituição tem com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), onde ela estuda atualmente. A universitária conta que optou por estudar na Argentina após contar para um amigo francês que gostaria de fazer intercâmbio na Europa e ser questionada por ele: “mas a América Latina é ótima para fazer intercâmbio, você nunca pensou [em fazer aqui]?”.
Na UNLP, Gabriela cursou disciplinas relacionadas ao Direito Econômico, como Economia, Direitos Humanos e Direitos Sociais, “que são coisas bem fortes lá”. Em relação ao ritmo das aulas, a estudante conta que achou o curso mais exigente quando comparado com a UFOP. “O ritmo era mais intenso”, conta, “em bem menos tempo eles passavam muito mais conteúdo e isso era cobrado, as provas eram bem exigentes e era indiferente se você era intercambista ou não”.
A jornalista Marina Fontanelli, de 25 anos, fez intercâmbio em Mendoza, a 4ª maior cidade da Argentina, e recomenda a experiência para todo mundo. “Foi importante para a construção da minha identidade”, diz ela, que se sentiu mais latinoamericana depois do intercâmbio na Argentina.
O processo de ingresso nas universidades argentinas é diferente do tradicional vestibular brasileiro. Para iniciar a graduação em qualquer área, o estudante deve passar por um ciclo básico que ensina conteúdos referentes ao curso que deseja entrar. Esse ciclo básico é obrigatório e o estudante deve ser aprovado até um período limite, que varia de acordo com a faculdade e o curso.
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Cada universidade oferece seu ciclo básico, o mais famoso e tradicional deles é o CBC (Ciclo Básico Común), da UBA. Para estudantes estrangeiros, algumas universidades exigem o certificado de proficiência em espanhol com nível B2 entre a documentação exigida para que o aluno possa se matricular no ciclo. Os certificados exigidos podem ser o DELE, o SIELE ou CELU.
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O semestre letivo da Argentina é igual ao do Brasil, ou seja, o primeiro semestre começa em fevereiro e acaba em junho/julho, e o segundo semestre começa em julho/agosto e termina em dezembro. Todas estas razões fazem com que mais de 43 mil estudantes brasileiros estejam fazendo intercâmbio em Buenos Aires.
De acordo com estatísticas do governo argentino, as escolas de idiomas da capital argentina recebem cerca de 30 mil estudantes por ano, o que faz de Buenos Aires a segunda cidade mais popular para aprender espanhol no mundo, atrás apenas de Madri.
As aulas nas universidades argentinas são predominantemente em Espanhol e, para conseguir acompanhar, é necessário conhecer a língua. Gabriela conta que já havia estudado espanhol antes de ir para o intercâmbio, mas “o sotaque da argentina é bem diferente do que tinha aprendido no curso aqui no Brasil”.
Na Argentina, Gabriela optou por complementar os estudos da graduação com aulas de proficiência em espanhol, para que conseguisse aproveitar melhor as aulas. “Chegando lá, tive que aprender quase que do zero”, conta.
As maiores universidades da Argentina oferecem cursos de espanhol para quem quer aprender ou se tornar fluente na língua. A UBA, por exemplo, oferece aulas de proficiência em sedes espalhadas por toda Buenos Aires. Nas cidades também é possível encontrar escolas de idioma especializadas no ensino de Espanhol.
Os cursos intensivos (20 horas por semana) são os mais comuns e, em geral, há turmas começando todas as segundas-feiras, com preços a partir de 400 reais por semana. Outras opções são cursos mais longos – que duram um quadrimestre – ou aulas particulares de espanhol, mais caras que os cursos intensivos.
Para quem opta por aprender o idioma na Argentina, o país oferece um certificado de proficiência em espanhol válido internacionalmente, o CELU (Certificate of Spanish: Language and Use), reconhecido pelos Ministérios da Educação e Relações Exteriores argentinos.
Para brasileiros, a entrada na Argentina é permitida mediante a apresentação do RG ou passaporte sem a necessidade de visto. Entretanto, esse “visto automático” permite a estadia por, no máximo, 90 dias. Para estudantes que querem ficar no país por um período maior, é necessário retirar o visto estudantil, que permite ficar até 10 anos no país. O estudante internacional, porém, não tem permissão para trabalhar durante seu intercâmbio na Argentina.
Para retirada do visto é possível dar entrada com a documentação depois de já estar na Argentina. Os documentos exigidos para o pedido do visto são RG ou passaporte, comprovante de matrícula, comprovante de antecedentes criminais e comprovante de pagamento da taxa de emissão obrigatória.
Gabriela conta que o procedimento para retirar o visto foi bastante demorado devido às agitações políticas recentes na Argentina. “Eles tiveram várias greves gerais esse ano e está tudo muito complicado, demorou tanto que fui tirar o visto quase na hora de ir embora”, conta.
A realidade é que o custo de um intercâmbio na Argentina já foi mais baixo – tanto por conta da moeda brasileira, que desvalorizou, quanto pela inflação do peso argentino. O custo de vida da capital Argentina é semelhante ao de São Paulo, girando em torno de mil a 2 mil reais mensais. Porém, além das universidades públicas serem gratuitas, as mensalidades das faculdades particulares também são significantemente mais baixas do que as brasileiras.
Durante seu intercâmbio em Mendoza, Marina estudou na Universidade Nacional de Cuyo (UnCuyo). Através de uma parceria com a Unesp, ela recebia uma bolsa mensal de R$400,00 para cobrir gastos com moradia e alimentação. “Apesar de o custo de vida em Mendonza ser mais barato do que em São Paulo, por exemplo, esse valor não é suficiente para o mês. Eu diria que é possível viver na cidade com R$ 800 mensais.”, relembra.
A região da Argentina que mais recebe estrangeiros é Buenos Aires, não apenas por ser a cidade mais populosa e capital do país, mas por abrigar algumas das mais prestigiadas universidades, como a UBA.
Buenos Aires é a melhor cidade estudantil da América Latina e está entre as 50 melhores do mundo, ocupando a posição 31º no ranking QS de melhores cidades para estudantes morarem. O custo de vida na cidade é alto e acima do restante do país, sendo muito semelhante ao de São Paulo. Entretanto, com a recente desvalorização do peso argentino, recentemente ficou mais barato, para brasileiros, visitarem o país.
A capital argentina possui um ótimo sistema de transporte público que conta com uma ampla oferta de ônibus e metrô, além de oferecer sistemas alternativos de transporte, como bicicletas públicas.
A região central de Buenos Aires é repleta de bons restaurantes com preços acessíveis, sorveterias e padarias tradicionais. Para quem aprecia a vida cultural urbana, há inúmeros teatros, livrarias e cinemas espalhados por toda a cidade e que funcionam até de madrugada.
A temperatura média da Argentina é mais baixa que a brasileira, principalmente nas cidades que estão localizadas ao sul do Brasil, como Buenos Aires. “Só andei de roupa de frio”, conta Gabriela. Em relação a alimentação, a base da dieta Argentina é muito semelhante ao sul do Brasil. É repleta de carnes, batatas e doces tradicionais, como churros, doce de leite e sorvetes caseiros.
Para quem pensa em fazer um intercâmbio na Argentina para aprender espanhol, Mendoza é uma boa opção. Ela é relativamente pequena, com cerca de 115 mil habitantes, mas é o centro de uma região metropolitana de quase 1 mlhão de habitantes. Esse tamanho menor implica também um custo de vida menor do que na capital Buenos Aires. E com a valorização do real frente ao peso argentino, torna-se um destino particularmente acessível para brasileiros.
Conhecida mundialmente por ser a quinta maior produtora de vinho do mundo, é uma região que tem muito mais a oferecer. Isso inclui diversas opções de atividades ao ar livre e prática de esportes radicais. Destaque para o pico do Aconcágua, o ponto mais alto das Américas, com 6.962 metros.
Além disso, é uma cidade rica em paisagens históricas e passeio culturais. Embora boa parte de seus edifícios coloniais tenham sido destruídos por um terremoto em 1861, outra parte mantém-se de pé desde o século XVI. Também foi uma das cidades visitadas por Charles Darwin durante suas viagens. E, finalmente, é um pólo produtor de vinho na Argentina, o que a torna interessante para enólogos.
Com quase 1,3 milhões de habitantes e situada no centro do país, a cidade de Córdoba é conhecida por ser uma “cidade universitária”. Isso por sua tradição acadêmica universitária e devido aos milhares de estudantes argentinos de todas as províncias que decidem fazer seus estudos nas universidades cordobesas. A principal delas – Universidad Nacional de Córdoba (UNC) – possui aproximadamente 110 mil alunos e seu Campus se localiza a poucos minutos, a pé, do centro da cidade.