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Entenda
O que é e como funciona o Pix parcelado? Produto pode substituir o cartão? Entenda
Bancos e outras instituições financeiras têm permitido que seus clientes parcelem os pagamentos e transferências com o Pix em até 24 vezes. Especialistas alertam, no entanto, para o peso dos juros no custo final das operações

Publicado em 27/03/2022 18:44

Foto/Reprodução


Exame - Lançado no final de 2020, o Pix já entrou na rotina de boa parte dos brasileiros. A comodidade de contar com uma ferramenta de pagamentos e transferências com funcionamento durante 24 horas por dia e 7 dias por semana fez do Pix um forte substituto para os boletos, DOC, TED e até para o cartão de débito.

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Faltava uma característica que colocasse a ferramenta de pagamentos na competição com o cartão de crédito: a possibilidade de parcelar as compras.

Bancos e instituições financeiras criaram uma solução para colocar o Pix, uma ferramenta de pagamento instantâneo, nessa briga. Nas últimas semanas, campanhas publicitárias do Santander e do PicPay apresentam ao público a possibilidade de parcelar o Pix em até 24 vezes. De forma mais tímida, o Mercado Pago também tem ofertado o produto aos seus clientes.

EXAME Invest ouviu as instituições financeiras que lançaram essa solução, e ouviu especialistas em finanças pessoais para entender o que é o Pix parcelado, suas vantagens e desvantagens e os custos que devem ser observados com cuidado pelo cliente.

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Pix parcelado ou crédito pessoal?

Ao saber mais sobre o produto, a primeira constatação é de que o Pix parcelado é, na verdade, uma espécie de contratação de crédito pessoal. Isso porque a mecânica da operação é a mesma: ao fazer o Pix parcelado, o cliente está pedindo ao banco um "adiantamento" do valor da transação, e acordando o pagamento em parcelas, com o acréscimo de juros.

"Temos visto clientes aderindo ao Pix parcelado e que não são os tomadores clássicos de crédito pessoal, que contratam essa dívida para se organizar. É um produto que entrou na jornada do consumo", explica Luciana Aguiar, diretora de produtos de crédito do Santander.

E aqui se dá a primeira diferença fundamental entre o Pix parcelado e o cartão de crédito: ao dividir no cartão, os custos da operação ficam com o vendedor, e não com o cliente. A maioria dos lojistas repassa esse custo de forma implícita, embutindo o valor das e taxas no valor do próprio produto. Mas no caso do Pix parcelado, os juros devem ser exibidos no momento da contratação e já indicam o custo direto para o cliente.

Quem pode dividir o Pix?

No caso das três instituições, basta ser cliente para visualizar a opção do parcelamento na hora de realizar um Pix. Mas existem algumas regras a serem observadas.

No caso do Mercado Pago, o produto só está disponível em operações de compra ou pagamento, quando há um QR Code ou um Pix copia e cola. Ou seja, quando a transação instantânea é feita de uma pessoa física para a outra, não é possível dividir o valor.

No PicPay, como o parcelamento do Pix é feito por meio do cartão de crédito (as parcelas são lançadas na própria fatura), o produto também só está disponível para operações de consumo, e não para transferências entre pessoas físicas.

Já o Santander habilitou a opção de Pix parcelado em todas as transações que envolvem o uso da plataforma, mesmo aquelas em que o pagador e o recebedor são pessoas físicas.

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Quais são os juros do Pix parcelado?

Assim como acontece no próprio crédito pessoal, cada banco ou plataforma financeira determina quanto cobrará para dividir o valor do Pix. Por utilizar a mesma análise do crédito pessoal, faz sentido que as taxas sejam similares. Veja abaixo os juros cobrados por cada instituição, atualmente:

  • Santander: a partir de 2,09% ao mês;
  • Mercado Pago: a partir de 2,5% ao mês;
  • PicPay: 3,99% por parcela.

Além do próprio perfil do cliente, o prazo da operação também influencia o custo total. Quanto mais parcelas contratadas, maior tende a ser a taxa de juros. No Santander, o Pix pode ser dividido em 24 vezes. No Mercado Pago e no PicPay, o prazo máximo é de 12 meses.

É importante ficar atento às taxas, pois o custo final pode ser bastante significativo. Por causa dos juros, um produto comprado no Pix parcelado pode custar 64% mais, no caso do Santander, ou 60% mais, no modelo do PicPay, ou 34% mais, no caso do Mercado Pago.

E esse cálculo leva em conta as taxas de juros que servem como base para o período máximo de parcelas. Ou seja: custo final pode ainda ser maior, se o cliente contratar uma taxa de juros maior do que a taxa mínima oferecida pelas instituições.

O Pix vai substituir o cartão?

Embora pareçam bastante similares à primeira vista, as operações do cartão de crédito parcelado e do Pix parcelado são diferentes, principalmente por causa da dinâmica de juros. Trata-se, portanto, de uma linha de financiamento adicional, que pode ajudar na hora do aperto.

"Vejo hoje como alternativas complementares, e não acredito na substituição do cartão. O Banco Central tem uma agenda de mudanças que podem ajudar o Pix a caminhar para um modelo parecido com o do cartão, em termo de perfil de taxas, mas isso é para um futuro breve", observa Denis Labre, head de crédito do Mercado Pago.

O modelo mencionado por Labre é o Pix Garantido, que tem previsão para estrear no mercado brasileiro no segundo semestre do ano. O formato do produto ainda está em análise pelo Banco Central, mas espera-se que os clientes dos bancos possam usar o Pix como modalidade de crédito em compras, sem a necessidade de um cartão físico ou da intermediação por um emissor ou por uma bandeira, o que pode baratear a operação.

Vale a pena contratar o Pix parcelado?

Comprar parcelado faz parte da cultura de consumo no Brasil, mas é importante avaliar se o parcelamento, no caso do Pix, faz sentido para a compra em questão. Muitos lojistas oferecem descontos para quem paga pela ferramenta, pois trata-se de um valor compensado imediatamente e à vista.

No entanto, é importante avaliar se o desconto concedido é suficiente para cobrir os custos extras com juros. Não são todos os vendedores que oferecem esse benefício, mas o padrão é o de um desconto de 5 a 10%, dependendo do tipo e do valor do produto.

"O ideal é tentar evitar compras parceladas, ainda mais em modalidades em que há a incidência de juros. Com a Selic em alta, os bancos estão também reajustando as taxas, o que torna o momento atual muito desfavorável para o consumo financiado pelo crédito", alerta Carlo Castro, planejador financeiro da Planejar.

Ele lembra, no entanto, que existem opções mais caras do que o crédito pessoal e o Pix parcelado, como o cheque especial e o próprio rotativo do cartão de crédito. Sendo assim, por mais que as parcelas no cartão de crédito pareçam mais atrativas, por não terem a incidência direta dos juros, se o consumidor não conseguir pagar a fatura de forma integral, o custo tende a ser mais alto do que o das parcelas do Pix.

Mais contraindicado ainda é deixar que essa dívida se torne uma bola de neve. Isso pode acontecer caso, por exemplo, o cliente contrate o Pix parcelado e não consiga manter um saldo em conta para honrar mensalmente os débitos. Nessa hipótese, além de pagar os juros da operação do Pix, ele ainda deverá pagar os custos do cheque especial.


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