do g1 - Resultados de exames recebidos pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) constatam apresença de arsênio nas amostras de urina de três pessoas relacionadas ao caso do bolo envenenado em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Suspeita de ter matado três pessoas, Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente pelo crime.
- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -
A reportagem apurou que as amostras analisadas são do marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, do filho e da sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, que seria o "principal alvo" de Deise, segundo a investigação. Zeli comeu o bolo e ficou 19 dias internada.
De acordo com o IGP, as amostras ainda passarão por análises adicionais e estudos técnicos mais aprofundados. O objetivo é esclarecer os quesitos apresentados pela Polícia Civil. Conforme nota do Instituto (leia abaixo na íntegra), o laudo final das análises deve ser concluído até o final desta semana.
Deise Moura dos Anjos é investigada por suspeita de triplo homicídio e de três tentativas de homicídio, todas envolvendo o caso do bolo envenenado. Ela também é investigada pela morte do sogro, marido de Zeli, que morreu em setembro após ingerir arsênio.
- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -
Arsênio é um elemento químico liberado no ambiente de maneira natural ou pela ação do homem e componente usado na fabricação de alguns pesticidas. A exposição a arsênio pode causar intoxicação alimentar e reações similares a alergias, câncer em caso de exposição recorrente, e até morte.
Zeli dos Anjos e o marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos como testemunhas nesta segunda-feira (20), e não são tratados como suspeitos pela polícia.
A Polícia Civil afirma que há "fortes indícios"de que Deise tenha praticado outros envenenamentos e não descarta novas exumações. A RBS TV apurou que a suspeita envolve o pai de Deise. José Lori da Silveira Moura morreu aos 67 anos, em Canoas, em 2020, supostamente por cirrose. Devido ao comportamento 'frio', a polícia busca esclarecer outros casos de morte de pessoas próximas a ela.
Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação". (Leia abaixo a íntegra)
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, a sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, era o principal alvo dos envenenamentos.
"O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando ela fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital", diz.
A polícia já confirmou que Deise levou o leite em pó para a casa dos sogros. A polícia tenta entender como a farinha, usada para fazer o bolo de Natal, parou na dispensa de Zeli dos Anjos.
Uma amiga próxima à família de Zeli, que preferiu não se identificar, disse que conversou com Tatiana Denize Silva dos Santos, a segunda vítima do bolo envenenado, três dias antes dela falecer. Entre os tópicos, estava o mau relacionamento entre a nora, Deise, e os sogros, Zeli e Paulo.
- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -
"Relatei essa desconfiança, relatei a questão das ameaças que ela fez para Zeli, que a Tati me falou. Do Paulo também. Ela disse 'eu quero que tu morra' numa discussão", afirmou. "Então, lá, ela explicou tudo isso, contou algumas histórias, contou a história da mensagem que a Deise mandou para a Zeli, dizendo que ainda vai ver toda a família dentro de um caixão", complementa.
Os envenenados
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não comeu o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silvativeram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjosteve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar".